Fonte: Vladstudio |
No CRE associa-se o dia Mundial da Floresta e o Dia da Poesia com um concurso de ilustração baseado no poema de António Gedeão "As árvores crescem sós".
Em articulação com os professores de Ciências da Natureza, esta atividade pretende sensibilizar @s alun@s para a necessidade de conservação da natureza, estimulando a reflexão e a criatividade.
Os resultados do concurso serão divulgados após a apreciação realizada por um júri constituído pela coordenadora da disciplina de ciências da natureza, pela representante d@s alun@s e pela coordenadora do Centro de Recursos Educativos.
António Gedeão (1906|1997)
As árvores crescem sós.
E a sós florescem.
Começam por ser nada.
Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam
palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os
ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as
folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas,
vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as
flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas
árvores.
E tudo sempre a sós, a sós
consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem
falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.
Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se,
trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.
As árvores não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol
silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se
queixam.
Estendem os braços como se
implorassem;
com o vento soltam ais como se
suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas
florestas,
a crescer e a florir sem
consciência.
Virtude vegetal viver a sós
E entretando dar flores
António Gedeão (1906|1997)
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